domingo, 30 de junho de 2013

Titãs - Capital Disco (28/06/2013)

  Casa com um ótimo público, e à 00h55 o Titãs sobe ao palco, iniciando com Cabeça Dinossauro, o que já era esperado pela banda estar tocando o álbum na íntegra, em comemoração às três décadas de carreira.

  Desde o primeiro momento, a qualidade de som, iluminação e palco deram o que falar.

  Voltando ao show, AA UU não deixou o pique cair e estava na hora da minha preferida da banda, Igreja, o que mostra o quanto a sonoridade e principalmente as letras da banda são atemporais e sua intertextualidade  com fatos atuais.



  Numa clara provocação, visto as recentes manifestações, assim que os primeiros riffs de Polícia foram tocados, Tony Bellotto cobre parte do seu rosto com a bandana.

  Mesmo que não sejam tão conhecidas daqueles que não são fãs aficcionados da banda, Estado Violência e a Face do Destruidor são muito bem recebidas, assim como a ótima Porrada, que é um bom momento para dizermos a importância de Sérgio Britto na atual fase da banda, mas é com a próxima, Tô Cansado, que a banda chega ao ápice da apresentação, com ótima interpretação de Branco Mello e riffs fantásticos de Tony Bellotto.



  Com Bichos Escrotos, o público canta a plenos pulmões cada verso, assim como Família, que abrandou toda a adrenalina e Homem Primata dispensa qualquer explicação.

  As menos conhecidas Dívidas e O Quê fecham a primeira parte da apresentação com a plateia já ganha, mas vários outros clássicos ainda viriam.

  Cinco minutos depois, voltam com Aluga-se, Diversão, Vossa Excelência, que por motivos óbvios é cantada com toda empolgação e a Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana.



  O Pulso foi uma das mais festejadas da noite, com o público além de cantá-la, abrindo e fechando as mãos.

  Sérgio Britto anuncia que farão uma série de apresentações no SESC Pompéia, apresentando dez canções do vindouro álbum, e que tocariam uma aquela noite, Fala Renata, que esfriou o ânimo dos presentes e deixa bastante a desejar na opinião desse blogueiro.

  Lugar Nenhum chega com tudo, e Flores merece um comentário a parte, já que Branco Mello teve uma interpretação bem desinteressada, destoando de toda a apresentação.



  Com Marvin se despedem, mas todos sabiam que ainda tinha mais, e voltam atendendo aos pedidos do público que já entoava os primeiros versos de Sonífera Ilha.

  É impossível não lembrar do saudoso Betinho, a Ação da Cidadania e o que aquilo representou no país, em meados de 90, assim que os primeiros riffs de comida ecoam na casa, fechando de forma triunfal a apresentação.


Lista de Músicas

1 - Cabeça Dinossauro
2 - AA UU
3 - Igreja
4 - Polícia
5 - Estado Violência
6 - A Face do Destruidor
7 - Porrada
8 - Tô Cansado
9 - Bichos Escrotos
10 - Família
11 - Homem Primata
12 - Dívidas
13 - O Quê
14 - Aluga-se
15 - Diversão
16 - Vossa Excelência
17 - A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana
18 - O Pulso
19 - Fala, Renata
20 - Lugar Nenhum
21 - Flores
22 - Marvin
23 - Sonífera Ilha
24 - Comida

sábado, 22 de junho de 2013

Leia alguns livros de história, só então vá para a rua.

Antes de começar esse "post", quero lembra-los que esse é um blog de esquerda, e como tal, temos lado, afinal como me disse um amigo jornalista e advogado, apenas uma cadeira é imparcial.

Pois bem, não poderia deixar de falar sobre as mais recentes manifestações.


1) Esse é um protesto da burguesia.

  Ora, isso é um fato, não deve ser encarado como uma crítica. Desde o tempo da luta armada, ao movimento pelas Diretas e impeachment de Fernando Collor, a classe média estava diante desses protestos, e não a classe D ou E. O que se pode questionar é se a classe média de outrora era mais politizada ou progressista do que a de hoje.


2) Impeachment da Presidenta.

  Dentre as inúmeras fotos que circulam nas redes sociais, está uma com a seguinte frase: "Dilma, tire-os, ou nós a tiramos, e ao lado de outros parlamentares está o presidente do Senado, Renan Calheiros.

  Antes de qualquer coisa, qualquer um dos citados foi eleito com uma quantidade considerável de votos, logo, a questão não é tirá-los, mas antes disso, não colocá-los, pois aos eleitores dos parlamentares na foto, se aos olhos de vocês eles são criminosos, vocês não são vítimas, mas cúmplices.

  Além disso, no atual Estado Democrático de Direito, Presidente algum tem a prerrogativa de "tirar" um parlamentar eleito, isso felizmente ficou no passado com os Atos Institucionais, principalmente o 1°, o 2° e o 5°.

  No caso específico do Presidente do Senado, sugiro a leitura do regimento interno da casa aqui, especialmente o artigo 32, que trata justamente da perda de mandato de um Senador.


3) Governo Perplexo.

  Há quem diga que o Governo está "provando do próprio veneno" com as recentes manifestações.Sem dúvida, as tais manifestações surpreenderam a todos, mas dizer que um governo comandado por um partido que se notabilizou justamente pelas greves e protestos está sem reação diante do acontecido é no mínimo ingenuidade.

  De lição, fica que o governo deve aprofundar o diálogo com os movimentos sociais e entidades representativas da sociedade civil, pois são eles que fazem o país caminhar, não os palpites sem quaisquer fundamentos dos "especialistas políticos" subordinados aos mesmos donos desse oligopólio midiático.

  Sim, esse é um pedido, Presidenta, coloque a UNE,UBES,MST, demais centrais sindicais e movimentos sociais na mesa, eles são parte fundamental do nosso exitoso projeto e assim deve continuar.


4) Festa "PARTICULAR" da Democracia.

  As manifestações tiveram início devido às demandas colocadas pelo Movimento Passe Livre, grupo apartidário, criado no decorrer do Fórum Social Mundial em 2005, definindo-se como apartidário.

  Com o início dessas manifestações, uma das palavras de ordem foi "sem partido". É realmente discutível a qualidade dos nossos representantes, mas antes de qualquer coisa não podemos generalizar, e se eles estão lá, a qualidade do nosso voto também é discutível.

  Além disso, é um tremendo contrassenso impedir a participação de partidos e movimentos sociais, que no auge de governos ditatoriais ou mesmo democrático-conservadores-repressivos estavam lá nas ruas, levantando bandeiras caras a toda a sociedade, enquanto você estava num "sono profundo", ou simplesmente achava que isso era coisa da "esquerda radical".

  Logo, você que os considera intrusos, na verdade mal sabe que eles trilharam o caminho das pedras, para você ir à rua.


5) Contra Todos e Contra Ninguém.

  Pelo caráter apartidário e não antipartidário, que fique claro, o que começou pela luta na redução da passagem de ônibus, levou à várias outras insatisfações, como a saúde, educação, gastos com os grandes eventos, em destaque a Copa do Mundo,etc,etc,etc, o que no final culminou com a invasão de grupos de extrema-direita, bradando pela redução da maioridade penal e volta do regime ditatorial.

  Conclui-se que é fundamental a definição de uma pauta, para todos poderem ter noção do quanto falta para determinado objetivo ser alcançado.

  Por fim, é fundamental que a reforma política seja colocada em pauta, uma vez que não há saída possível sem partidos políticos.


6) Quem pariu Matheus...

  Pelo fato dos prefeitos e governadores serem responsáveis pelas regras das licitações que concedem à iniciativa privada o direito de explorar (no sentido mais danoso da palavra) o transporte público, é mais do que compreensível que eles sejam os principais alvos dos manifestantes, mas há que se abrir um parênteses e se questionar porque até o momento os manifestantes não fizeram nenhum ato diante da sede dessas empresas.

  Não compreender a carga ideológica que é contestar o detentor do poder econômico é incorrer num erro gravíssimo, deixando de lado alguém que tem muita responsabilidade na situação calamitosa do transporte público.

  Por fim, as manifestações pecam em refutar o senso comum, uma vez que as empresas responsáveis pelo transporte público são privadas, e não tem o mínimo de eficiência, tampouco de transparência, logo, a redução por si só não tem efeito nenhum, enquanto as contas dessas empresas não forem abertas, mas isso é contestar os grandes detentores do capital, e a imprensa que você ingenuamente crê que está ao seu lado, assim como alguns artistas jamais defenderão.


7) Trem da História.

  Em momento algum tentei colocar a legitimidade dos protestos em xeque, mas há que se considerar porque elas não se iniciaram assim que a candidatura do país foi colocada para toda a imprensa.

  A decisão de se manifestar agora é estratégica, já que toda a imprensa nacional e internacional está com grande equipe de jornalistas cobrindo o evento, assim sendo, não correriam o risco de serem ignorados, mas agora com tantos interesses econômicos, dificilmente esse ou os demais eventos já agendados serão transferidos para outro país.

sábado, 1 de junho de 2013

André Matos - Fênix (31/05/2013)

Cheguei à casa de shows por volta de 21h40 e tivemos nossa entrada liberada às 22h20.

Esse foi o único porém da noite, já que é sabido que 22h00 é considerado cedo para uma casa de shows apresentar sua atração principal, mas que tivessem deixado claro no ingresso, abertura da casa: 22h00, para evitar uma espera desnecessária, mas apesar disso,ou justamente por causa disso, fiquei na grade, o que me possibilitou registrar o evento em fotos.



O show teve início às 00h30, com uma música do novo trabalho, Liberty, que mostrou funcionar muito bem ao vivo.

Em seguida vem I Will Return, também muito bem recebida, e todos cantando o refrão a plenos pulmões.

Course Of Life chegou para alegrar de vez o blogueiro, que a considera a melhor do novo trabalho, e a partir desse momento, com o prato principal ainda sendo preparado, não tenha dúvida de que o jogo já estava ganho.



Detalhe para o desfecho da canção, com Rodrigo Silveira quase destruindo seu kit, tamanha brutalidade e técnica. Isso porque ele estava adoentado...

Rio foi mais um dos momentos da noite em que a plateia sobrepôs a voz de André Matos.

André Matos aproveita para agradecer à plateia e explicar que o show será diferente em relação ao que foi apresentado recentemente em São Paulo, e que o atraso seria compensado no palco, pois segundo ele, uma vez que os deixaram subir, seria difícil tirá-los de lá.

Posso ser massacrado por alguns, mas The Turn Of The Lights foi o momento que menos gostei da noite, apesar da música ganhar muito mais peso ao vivo, simplesmente a música não me agrada tanto, sei lá, acho que falta algo.

Hora do primeiro clássico da noite, com letras maiúsculas, por assim dizer. Estou falando de Lisbon, que apesar do ritmo mais cadenciado, graças à André Hernandes, que por pouco não roubou a cena do protagonista, ganhou um peso absurdo. Impossível não entoar "skies are falling down..." o mais alto possível.

Momento pra refrescar os ânimos com Fairy Tale, responsável pelo ápice dos gritos histéricos da ala feminina.



Stop! conseguiu cumprir sua função, já que todos ficaram estáticos no refrão(não consegui segurar o trocadilho), com o alcance vocal ainda inabalável de André Matos. Em pouco tempo se tornará um clássico, podem me cobrar depois.

Enquanto o trio vai tomar uma água, Rodrigo Silveira mostra todos os seus recursos num solo muito bem executado.

Voltam com On Your Own, que apesar de ter se mostrado bem mais interessante ao vivo destoou das demais.

Aos primeiros acordes da próxima música a plateia entrou em êxtase, pois muitos, como esse blogueiro, ouviriam Living For The Night pela primeira vez.

Interpretação primorosa, entremeada pela apresentação da banda e a promessa de retorno em dez minutos, para um dos momentos mais aguardados da noite.

Rigorosamente à 01h50 os presentes não conseguem conter a emoção ao ouvir Unfinished Allegro e com Carry On mal se ouve a voz de André Matos, não por não conseguir mais alcançar certas notas, muito pelo contrário, mas pela empolgação do público.



Independente se você já ia a shows na época do lançamento desse divisor de águas do metal nacional, ou era apenas uma criança, como esse que vos escreve, chega a ser desnecessário citar cada uma dessas músicas, mas cairei em contradição, porque algumas foram definitivamente um capítulo a parte.

Stand Away pode até não figurar como um dos clássicos da banda, mas o que André Matos cantou nessa música é algo que não pode ser explicado aqui pelo maior jornalista desse país, que dirá por esse blogueiro.

Por mais que todos ali fossem fãs de primeiro escalão, Wuthering Heights causava certa apreensão, mas mostrando mais uma vez o quanto sua voz se conservou, foi outra que teve uma interpretação impecável.

Daí em diante, foi um final apoteótico, com Streets Of Tomorrow (minha preferida do álbum) e Evil Warning.

Com Lasting Child ecoando pela casa só nos restou a sensação de que presenciamos um momento histórico, digno de se contar aos amigos, futuramente aos netos, e por aí vai.

Parece que citei apenas brevemente as músicas, mas os responsáveis por essas preciosidades merecem vários parágrafos.

Começando por André Matos, os cabelos brancos já não escondem os 41 anos, mas ao contrário do que acontece com os grandes cantores do estilo, sua voz continua inabalada e assim como Neymar nasceu para o futebol, ele nasceu para o palco, já que além de fazer o que bem entende com a sua voz, sem errar uma nota ou titubear nas canções mais difíceis tem um domínio completo do palco, já que desde o figurino até os trejeitos, a interação com a plateia, enfim, todo o mise-èn-cene é irretocável, um show a parte.

A técnica e segurança de Hugo Mariutti enchem os olhos e demonstra porque ele aparece dentre os indicados a melhor guitarrista do país anualmente.

O que André Hernandes, ou Zaza, toca é digno de estudo. Guitarrista extremamente técnico e inventivo, merece muito mais atenção do público e da crítica especializada.

Bruno Ladislau tem uma ótima presença de palco e total domínio do seu baixo. Presença fundamental na banda.

Rodrigo Silveira, apesar de como já dito por aqui, não estar em 100% da forma, por ter contraído a gripe H1N1, tocou com toda disposição possível e técnica invejável.

Faço questão de parabenizar o Pepinho pela iniciativa, ao público, aos músicos e principalmente aos funcionários da casa, que mesmo habituados com um público de outros estilos musicais nos trataram com extremo profissionalismo e cortesia, dada a nossa ansiedade em entrar na casa.

Obs.: É recomendável colocar mais de um funcionário para controlar o acesso do público. Além disso, o espaço é amplo e ótimo para shows desse porte, mas deve-se investir num sistema de ventilação, pois independente da quantidade de pessoas na casa, o ar não circula, deixando o ambiente muito abafado.


Lista de Músicas

1 - Liberty
2 - I Will Return
3 - Course Of Life
4 - Rio
5 - The Turn Of The Lights
6 - Lisbon
7 - Fairy Tale
8 - Stop!
9 - Solo de Bateria
10 - On Your Own
11 - Living For The Night
12 - Unfinished Allegro
13 - Carry On
14 - Time
15 - Angels Cry
16 - Stand Away
17 - Never Understand
18 - Solo de Guitarra
19 - Wuthering Heights
20 - Streets Of Tomorrow
21 - Evil Warning
22 - Lasting Child