segunda-feira, 21 de julho de 2014

Ninurta, Chemical e Repulsão Explícita - Studio Rock (20/07/2014)

O show começou por volta das 19h30, e o quinteto da Ninurta foi o responsável por dar início aos trabalhos.

Casa já com um ótimo público desde o primeiro momento, som cristalino, como de costume, mas eis que surge um contratempo, o sistema de refrigeração não estava funcionando, então a banda sofreu com a alta temperatura, pois para quem não conhece o local, a banda toca numa estrutura de vidro retangular, similar a um "aquário".


Engana-se porém, quem pensa que esse pequeno imprevisto conseguiu diminuir o poder de fogo da banda, muito pelo contrário.

Não há um destaque individual, por outro lado há o que muitas bandas não conseguem, entrosamento.


Valendo-se ainda de metáforas futebolísticas, cada um sabe onde achar o outro no palco, sendo assim, não há erros.

Doom Metal muito bem feito, boas letras, instrumental redondo (cadência diretamente proporcional ao peso das músicas), e serei obrigado a me contradizer, pois Reginaldo é o motor da banda, sempre preciso e garantindo boa parte do peso da banda.


Em relação a Leandro, seus urros são ao mesmo tempo viscerais, como também melancólicos, então ele consegue instaurar esse clima mórbido no ambiente com extrema naturalidade, de maneira quase que teatral.

Lista de Músicas (Ninurta)

1 - Curse
2 - Eternity In Pain
3 - Sentence
4 - Seventh Gate (The Awakening)
5 - Landscapes Of Misery

Ninurta é formada por: Leandro Marcos (vocalista), Cleber Borges (guitarrista), Edismon Draven (guitarrista), Edmundo Borges Carvalho (baixista) e Reginaldo Tavares (baterista).


Dando continuidade, surgia o Chemical, para colocar no dicionário sua própria definição de thrash metal.

Já durante a passagem de som, chamou a atenção Alex estar sentado numa banqueta, e tão logo começaram a apresentação, ele explicou que por um problema na região lombar não poderia se movimentar como de costume.


Todas músicas são notáveis, mas Doi-Codi e Police Treatment chamaram a atenção pela atualidade dos temas.

Ninguém se importou com Alex no estilo banquinho e guitarra, já que ele estava vociferando como se não houvesse mais esperanças, e estivéssemos diante de uma hecatombe.


Tiago Visceral não tem esse sobrenome a toa, sua guitarra deve tratá-lo pelo nome, tamanha a intimidade.É uma usina de riffs e solos, que funciona sem qualquer esforço.

Correram um sério risco de mandarem vários ao hospital, pois fizeram todos "bangear" como se não houvesse amanhã.


O thrash de sempre, com pitadas de modernidade, imprescindíveis para o estilo continuar atemporal.

Lista de Músicas (Chemical)

1 - Cursed Harvest
2 - Blood Streets
3 - Worms
4 - Lake Of Flames
5 - Suicide Bullshit
6 - Mentally Insane
7 - New Dimension
8 - Doi-Codi
9 - Police Treatment
10 - Chemical Disease

Chemical é formada por: Alex Freitas (vocalista e guitarrista), Tiago Visceral (guitarrista), Corvo (baixista) e Ricardo Nutzmann (baterista).


Fechando a noite da melhor maneira possível, tivemos a Repulsão Explícita, que fez jus ao nome.

Só pelo fato de contarem com dois vocalistas, isso já despertou a curiosidade dos presentes.


Tão logo o show começou, eles já estavam com o jogo ganho de goleada, pois a artilharia contra o governo e a sociedade foi pesada.

Por se tratar de uma banda de crossover, tocam o mais rápido possível, e o peso na mesma escala.

Outra grata surpresa é por cantarem no idioma nativo, e fugirem do lugar comum nas composições, atacando como já foi dito a classe política e a sociedade, mas de uma maneira bastante crítica, também propondo soluções.


A dupla de vocalista merece um capítulo a parte, pois correm, pulam e dominam a cena, enquanto estão bradando contra tudo e todos, são incansáveis.

Nas três últimas músicas era notório o desconforto de Luiz com a alta temperatura do ambiente, e os demais integrantes iam a todo instante consultá-lo se conseguiria continuar, mas a sua bagagem pesou, e ele terminou o show sem fôlego, mas com sobra na parte técnica.

É o tipo de banda que precisa aparecer de tempos em tempos, pois é inclassificável e transita com tranquilidade pelos diversos subgêneros.

Lista de Músicas (Repulsão Explícita)

1 - Céu de Brigadeiro
2 - Não Sou Cão
3 - Pelego
4 - Nessa Vida
5 - Consenso
6 - Não Reclama
7 - Paga Pau
8 - Repulsão
9 - Alcaloide
10 - Fora
11 - Mártir
12 - Não Quero Saber
13 - Atitude e Ação
14 - Cidade Sitiada
15 - Excesso

Repulsão Explícita é formada por: Fernandez (vocalista), Osvaldo (vocalista), Ricardo Lima (guitarrista), Leão Gazzano (guitarrista), Juninho (baixista) e Luiz Carlos Louzada (baterista).

Mais uma ótima noite no Studio Rock, com o que de melhor, as bandas autorais de todos os estilos de metal podem apresentar.

Novamente parabenizo o Luiz Carlos pela iniciativa, aos músicos e ao público que tem comparecido em grande número, a cada domingo que uma nova trinca se apresenta.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Heavenly Kingdom - Nature In Fury

Hoje vou falar do trabalho mais recente dos meus conterrâneos (Cubatão/SP) do Heavenly Kingdom.

Ele foi lançado em 2013, pelo selo Heavens Music, gravado em O Beco Estúdio, com mixagem de Ivan Pellicciotti e Adair Jr, este último também responsável pela produção.

A bela arte da capa ficou a cargo de Luiz Fernando.


O disco começa a todo vapor com distorções vigorosas, um ótimo prenúncio do que estamos prestes a ouvir.

Em seguida temos The Trial, com riffs potentes, alta velocidade e urros alucinantes.Tá explicado porque funciona tão bem ao vivo.

A faixa que dá nome ao álbum mantém a brutalidade e velocidade anterior, porém com algumas quebras de andamento providenciais.Impossível não cantar a plenos pulmões Nature In Fury.

Em No Violence, Balula começa a conquistar o protagonismo, espancando seu kit com toda violência (sem o perdão do trocadilho), fazendo uma ótima dobradinha com Juninho.

Don't Blame Me, Don't Judge Me apresenta solos inspiradíssimos da dupla Vagner/Morto, além da ótima participação de Angelo Quintanilha, fazendo toda a diferença no refrão, ora agressivo, ora mais limpo.

Após ouvir as viradas venenosas de André logo nos primeiros minutos de Crossing The Waters, sinceramente não há mais o que comentar a respeito da música.

Mais uma ótima composição, e várias outras fintas de Vagner e Morto.São uma verdadeira máquina de riffs.

É impossível não ficar arrepiado com esse refrão, em que é possível sentir a aflição por mudanças, ou ainda com o início de Annunciation, recitado da maneira mais sombria possível.Melhor música do trabalho, disparada.

Tudo funciona em Destruction Of The Temple, e novamente é caso de se fazer uma tese sobre o que André está fazendo com os seus bumbos, uma verdadeira arma de destruição em massa.Prevejo pessoas perdendo a voz com o refrão certeiro "I feel my eyes,I feel my blood..."

Against All Evil tem uma velocidade estrondosa, mas fica nisso, letra pouco inspirada, melodia não empolga, um ponto fora da curva.

In The Sign Of The Cross tem novamente uma atuação inspirada da dupla Vagner/Morto, abrindo a caixa de ferramentas, despejando riffs em cima de riffs.

Retomam o fôlego em Superaction, com a participação especial de Rodrigo BV, e a dualidade heavy/thrash fica mais evidenciada, principalmente no refrão mais agudo "duelando" com os urros de Vagner.Está lançada a petição

Escaping From Hell é a faixa perfeita para fechar o trabalho, mais uma porrada certeira.

No geral, o disco funciona muito bem, pois não há uma ou outra música de destaque, todas se saem muito bem.

Outro fator positivo são as letras, que fogem dos clichês de dragões/mitologia, focando sempre o quanto a sociedade está deteriorada, mas o que podemos fazer para melhorar.Uma crítica social autêntica.

Não reinventaram a roda, mas aqui é heavy/thrash de gente grande.

Os ex-integrantes ajudaram a moldar as características da banda, mas mal posso esperar pelo próximo trabalho, com o retorno de Bil Martins, o que com certeza resultará num disco ainda mais pesado e ousado.

Lista de Músicas

1 - Intro
2 - The Trial
3 - Nature In Fury
4 - No Violence
5 - Don't Blame Me, Don't Judge Me
6 - Crossing The Waters
7 - Living Without Drugs
8 - Annunciation
9 - Destruction Of The Temple
10 - Against All Evil
11 - In The Sign Of The Cross
12 - Superaction
13 - Escaping From Hell

Os integrantes que gravaram esse trabalho foram: Vagner Mesquita (vocalista e guitarrista), Morto (guitarrista), Juninho (baixista) e André Balula (baterista).

A formação atual da banda conta com: Vagner Mesquita (vocalista e guitarrista), Bil Martins (guitarrista), Nando Rodrigues (baixista) e André Balula (baterista).

domingo, 13 de julho de 2014

Rock Party - Tribal (11/07/2014)

Aconteceu nesta sexta-feira a 1ª edição da Rock Party, que como o nome já denuncia, estava comemorando o Dia Mundial do Rock, e o aniversário do guitarrista Wanderson Barreto.

Cheguei às 22h00, peguei minha pulseira, comecei a observar o que acontecia ao redor, e o clima era de total descontração.

Meia-Noite em ponto era hora da festa começar de fato, e a escolhida foi Rock N' Roll All Night, para delírio da turma do hard rock presente ao evento, facilmente identificável pelos adornos de onça e bandanas.


Já era possível ver que o público faria a diferença, pois o salão estava lotado desde a primeira música.

Outro fator bastante positivo, foi que os músicos atendiam prontamente o chamado de Wanderson e Eduardo, os anfitriões do evento, o que possibilitou que o evento transcorresse da melhor maneira possível, uma música após a outra, sem tempo para respirar mesmo.

Ao ler a palavra "jam session" e festa numa mesma frase, você pensa que o evento foi uma completa anarquia, acordes dissonantes e desleixo dos músicos.



Nunca esteve tão errado, pois apesar da simbiose que caracteriza a cena na região, muitos desses músicos nunca tocaram juntos, mas na hora decisiva, fizeram o show da vida, como se estivessem em pleno Madison Square Garden, para um público que pagou algumas centenas de dólares para vê-los e ouvi-los.

Cometerei a injustiça de não citar a todos nominalmente, mas vamos lá:

- Dá gosto de ver Luciano e Ricardo juntos.É brutalidade nos riffs, elevada a nonagésima potência.


- Quem acompanha o blog,sabe que na postagem mais recente sobre a Dark Saga, estranhei sua postura de palco, e mantenho minha posição, mas por outro lado, tiveram uma performance surpreendente nesse evento, ou seja, Stephanie, Deni e Hector mostraram a que vieram, tomaram conta dos seus instrumentos e do palco.Tenho certeza que no próximo show, esse será o comportamento padrão do grupo.

- Tarso me confidenciou que estava mais nervoso para interpretar um clássico do Slayer, do que nos próprios shows do Carnal Desire, mas quem acompanhou Postmortm e Raining Blood sabe que ele fez do palco o quintal de sua casa.
Meu camarada, nós é que precisamos aprender muito contigo, você é uma lenda viva, não tem mais nada a provar.



- Podem me chamar de saudosista, mas também foi muito bom ver Vagner atrás daquele kit.O semblante sisudo não muda, assim como suas baquetadas precisas, viradas milimetricamente desferidas.
Detalhe que mesmo assim, ele faz isso tudo com extrema naturalidade, não se vê ao menos goas de suor escorrerem da sua testa.

- O intervalo foi o show dentro do show.Hard Rock no volume máximo e mulheres lindíssimas.

- Muito bom ver a Luciana em ação, ótima pessoa e a melhor voz feminina da região.Volte a gravar o quanto antes, temos o direito a ouvir toda a versatilidade da sua voz.

- Samantha merece uma medalha de honra ao mérito, pois desde o início estava atenta aos mínimos detalhes, seja colocando as pulseiras nos músicos e na equipe de apoio, como em registrar a festa dos melhores ângulos.Sem exageros, alguns dos seus movimentos para fotografar, só são reproduzidos em aulas de Pilates.
Com toda discrição, e fazendo o que era necessário, essa moça foi um dos pilares de sustentação do evento.


Lista de Músicas

1 - Rock N' Roll All Night
2 - Caught In A Mosh
3 - Panama
4 - Holy Wars
5 - Aerials
6- Children Of The Grave
7 - The New Order
8 - Hallowed Be Thy Name
9 - Perfect Strangers
10 - Strike Of The Beast
11 - Before I Forget
12 - Painkiller
13 - Mr. Crowley
14 - Revolution Is My Name
15 - Give Me All Your Love
16 - End Of The Heartache
17 - Heaven and Hell
18 - Power
19 - Whole Lotta Rosie
20 - Damage Inc
21 - Postmortem
22 - Raining Blood
23 - Refuse/Resist


Como já mencionei, impressionou a qualidade das músicas apresentadas, levando-se em conta que aos seus intérpretes não foi dada a chance de ensaio, assim como foi de encher os olhos, homens e mulheres de todas as idades enchendo a casa, se confraternizando sem qualquer tipo de intercorrência.

Essa foi uma ótima oportunidade para demonstrar que unidos, podemos muito, isso foi só o começo, e não teve banda A ou B em destaque no evento, mas vários músicos, que antes de representarem a região, valorizam o estilo musical, pois o heavy metal não tem dono, é dos insistentes que continuam empenhando os seus instrumentos, mesmo estando num país em que esse tipo de música sofre todo tipo de ataques do senso comum, e do público, que aceita remar contra a maré.


Você pode ter o melhor plano de marketing, um investimento sério no seu trabalho, boas músicas, mas se você não respeita o público e principalmente seus colegas de trabalho/batalha, isso aparece quando menos se espera, e eventos como esse mostram quem resistirá a prova do tempo.

Por fim, o evento foi um sucesso, agradeço mais uma vez pela oportunidade que me deram para contribuir com isso tudo, mesmo que de maneira singela, parabéns ao Eduardo e Wanderson, que bancaram a ideia, com a cara e a coragem, aos músicos que deram o suporte, ao público que compareceu, vibrou e encheu a lata, não necessariamente nessa ordem, ao Fabio pela cessão da Tribal, e todos os funcionários que fizeram a engrenagem funcionar com tanta perfeição.


O Evento em Números

- 66 Músicos Envolvidos;
- 3 Horas de Música ao Vivo;
- 730 Espectadores;
- 23 Músicas.
- 2 Idealizadores que organizaram tudo isso com suor, respeito aos envolvidos e competência.