sábado, 22 de junho de 2013

Leia alguns livros de história, só então vá para a rua.

Antes de começar esse "post", quero lembra-los que esse é um blog de esquerda, e como tal, temos lado, afinal como me disse um amigo jornalista e advogado, apenas uma cadeira é imparcial.

Pois bem, não poderia deixar de falar sobre as mais recentes manifestações.


1) Esse é um protesto da burguesia.

  Ora, isso é um fato, não deve ser encarado como uma crítica. Desde o tempo da luta armada, ao movimento pelas Diretas e impeachment de Fernando Collor, a classe média estava diante desses protestos, e não a classe D ou E. O que se pode questionar é se a classe média de outrora era mais politizada ou progressista do que a de hoje.


2) Impeachment da Presidenta.

  Dentre as inúmeras fotos que circulam nas redes sociais, está uma com a seguinte frase: "Dilma, tire-os, ou nós a tiramos, e ao lado de outros parlamentares está o presidente do Senado, Renan Calheiros.

  Antes de qualquer coisa, qualquer um dos citados foi eleito com uma quantidade considerável de votos, logo, a questão não é tirá-los, mas antes disso, não colocá-los, pois aos eleitores dos parlamentares na foto, se aos olhos de vocês eles são criminosos, vocês não são vítimas, mas cúmplices.

  Além disso, no atual Estado Democrático de Direito, Presidente algum tem a prerrogativa de "tirar" um parlamentar eleito, isso felizmente ficou no passado com os Atos Institucionais, principalmente o 1°, o 2° e o 5°.

  No caso específico do Presidente do Senado, sugiro a leitura do regimento interno da casa aqui, especialmente o artigo 32, que trata justamente da perda de mandato de um Senador.


3) Governo Perplexo.

  Há quem diga que o Governo está "provando do próprio veneno" com as recentes manifestações.Sem dúvida, as tais manifestações surpreenderam a todos, mas dizer que um governo comandado por um partido que se notabilizou justamente pelas greves e protestos está sem reação diante do acontecido é no mínimo ingenuidade.

  De lição, fica que o governo deve aprofundar o diálogo com os movimentos sociais e entidades representativas da sociedade civil, pois são eles que fazem o país caminhar, não os palpites sem quaisquer fundamentos dos "especialistas políticos" subordinados aos mesmos donos desse oligopólio midiático.

  Sim, esse é um pedido, Presidenta, coloque a UNE,UBES,MST, demais centrais sindicais e movimentos sociais na mesa, eles são parte fundamental do nosso exitoso projeto e assim deve continuar.


4) Festa "PARTICULAR" da Democracia.

  As manifestações tiveram início devido às demandas colocadas pelo Movimento Passe Livre, grupo apartidário, criado no decorrer do Fórum Social Mundial em 2005, definindo-se como apartidário.

  Com o início dessas manifestações, uma das palavras de ordem foi "sem partido". É realmente discutível a qualidade dos nossos representantes, mas antes de qualquer coisa não podemos generalizar, e se eles estão lá, a qualidade do nosso voto também é discutível.

  Além disso, é um tremendo contrassenso impedir a participação de partidos e movimentos sociais, que no auge de governos ditatoriais ou mesmo democrático-conservadores-repressivos estavam lá nas ruas, levantando bandeiras caras a toda a sociedade, enquanto você estava num "sono profundo", ou simplesmente achava que isso era coisa da "esquerda radical".

  Logo, você que os considera intrusos, na verdade mal sabe que eles trilharam o caminho das pedras, para você ir à rua.


5) Contra Todos e Contra Ninguém.

  Pelo caráter apartidário e não antipartidário, que fique claro, o que começou pela luta na redução da passagem de ônibus, levou à várias outras insatisfações, como a saúde, educação, gastos com os grandes eventos, em destaque a Copa do Mundo,etc,etc,etc, o que no final culminou com a invasão de grupos de extrema-direita, bradando pela redução da maioridade penal e volta do regime ditatorial.

  Conclui-se que é fundamental a definição de uma pauta, para todos poderem ter noção do quanto falta para determinado objetivo ser alcançado.

  Por fim, é fundamental que a reforma política seja colocada em pauta, uma vez que não há saída possível sem partidos políticos.


6) Quem pariu Matheus...

  Pelo fato dos prefeitos e governadores serem responsáveis pelas regras das licitações que concedem à iniciativa privada o direito de explorar (no sentido mais danoso da palavra) o transporte público, é mais do que compreensível que eles sejam os principais alvos dos manifestantes, mas há que se abrir um parênteses e se questionar porque até o momento os manifestantes não fizeram nenhum ato diante da sede dessas empresas.

  Não compreender a carga ideológica que é contestar o detentor do poder econômico é incorrer num erro gravíssimo, deixando de lado alguém que tem muita responsabilidade na situação calamitosa do transporte público.

  Por fim, as manifestações pecam em refutar o senso comum, uma vez que as empresas responsáveis pelo transporte público são privadas, e não tem o mínimo de eficiência, tampouco de transparência, logo, a redução por si só não tem efeito nenhum, enquanto as contas dessas empresas não forem abertas, mas isso é contestar os grandes detentores do capital, e a imprensa que você ingenuamente crê que está ao seu lado, assim como alguns artistas jamais defenderão.


7) Trem da História.

  Em momento algum tentei colocar a legitimidade dos protestos em xeque, mas há que se considerar porque elas não se iniciaram assim que a candidatura do país foi colocada para toda a imprensa.

  A decisão de se manifestar agora é estratégica, já que toda a imprensa nacional e internacional está com grande equipe de jornalistas cobrindo o evento, assim sendo, não correriam o risco de serem ignorados, mas agora com tantos interesses econômicos, dificilmente esse ou os demais eventos já agendados serão transferidos para outro país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário